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Primeiro ano como DBA Expat na Irlanda

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No dia 21/03/2017 desembarquei na Irlanda para aquele que seria o maior desafio e mudança da minha vida, tanto no aspecto profissional quanto pessoal, e não somente para mim, mas também minha família (Esposa e filhos).

Um ano depois 21/03/2018 já é possível fazer um balanço e ponderar sobre a questão que eventualmente costuma passear pelos pensamentos dos expatriados: “Valeu / Vale a pena?”, a resposta vem logo nos parágrafos a seguir.

Confesso que hoje, já estamos mais adaptados ao clima e ao modus operandi dos Irlandeses, mas o começo foi bem complicado por aqui. Cheguei, fiquei sozinho por 3 meses e meio, depois voltei ao Brasil para duas semanas de férias (isso mesmo, duas semanas de férias) para buscar meu povo.

Um dos grandes impactos positivos foi o poder aquisitivo, quando comparado ao Brasil, isso é algo que não tenho qualquer prazer em falar, mas quando fui ao supermercado pela primeira vez aqui, pude comparar como poderia comprar muito mais, com menos, e isso faz com que as pessoas possam de certa forma, viver melhor e buscar consumir produtos de qualidade com preços muito acessíveis.

Vantagens:

Abaixo, elenco uma pequena lista de acordo com minhas experiências aqui, dos maiores benefícios que a mudança de país nos trouxe.

  • Idioma

    • Obviamente para se mudar para um país que tem como idioma principal o Inglês, é necessário falar inglês ainda enquanto se está no Brasil. Porém sem sombras de dúvidas, tive uma melhora considerável no nível do meu inglês, visto que trabalho, e convivo com estrangeiros todos os dias, o dia inteiro, o que fez com que o ato de falar inglês ficasse algo mais natural =).

  • Custo de vida

    • A vida é mais justa aqui (para mim, com meus salários em ambos países), comparando preços de produtos por esforço de trabalho, percebi que para ter os mesmos itens, eu deveria trabalhar muito mais antes da mudança, mais uma vez, isso é algo que me deixa triste, pois percebo o quão caro é viver no Brasil =(

  • Segurança

    • Quando cheguei para alugar minha casa, fiquei assustado pois havia uma janela de vidro gigante, sem qualquer grade, mas depois vim saber que, não existe grades nas janelas, pois não é necessário, não existem muros e portões, pelo mesmo motivo. Meus filhos vão e voltam sozinhos para a escola, e nossa maior preocupação é eles atravessarem a rua e não verem um carro. Você viver com a sensação de segurança e integridade, apenas esse item já faz valer a pena a mudança.

  • Experiência de vida impagável

    • Ainda que não estivéssemos vivendo um período turbulento no Brasil, ainda que tudo estivesse perfeitamente estável e a todo vapor, acredito que valeria muito a pena aceitar um desafio de mudança de país. Em todos os aspectos, por mais difíceis que poderiam vir a ser a nova vida no novo país (Irlanda, nesse caso), valeria (e está valendo muito) pela experiência de viver em um diferente, com Inglês como idioma nativo (aprendi inglês sozinho e essa experiência de viver em um país con inglês nativo, para mim tem sido estrogonoficamente  (sic) fantástico).

    • Ainda como um outro ponto superpositivo para a experiência de vida, é que não vim sozinho, trouxe minha esposa e meus filhos, que assim como eu estão podendo experimentar a vivência em uma cultura diferente, conhecendo e interagindo cotidianamente com pessoas de diversas nacionalidades e culturas, e podendo consequentemente aprender ainda mais a respeitar as diferenças e particularidades de cada um, tirando assim o melhor proveito de cada coisa.

    • Não poderia deixar de mencionar que estando longe da nossa família e amigos de longa data, fizemos aqui novos amigos, que em pouco tempos tornaram-se nossa família em Dublin, são pessoas que sabemos que podemos contar em todos os momentos difíceis e felizes, e que certamente também estamos sempre prontos a ajudar da melhor maneira que pudermos.

 

Peculiaridades:

Nem tudo são flores, e também temos algumas dificuldades, principalmente assim que chegamos, apesar que após esse primeiro ano, a gente vai se acostumando e aprendendo a lidar com essas pequenas adversidades.

  • Clima

    • Oito ou oitenta. Saímos de Brasília, onde tínhamos um verão em torno dos 30ºC e inverno chegando ao máximo a 10C, para viver em um país onde quando a previsão do tempo anuncia 27ºC no verão, o aplicativo no celular exibe um alerta de temperatura extremamente alta. (hahahahahaha, parece piada, mas é verdade).

    • Nesse primeiro ano vivendo aqui, pude perceber que:
      • Em tempos mais quentes, em dois dias distintos tivemos temperaturas com 27ºC e 28ºC respectivamente, e no geral a média mantinha-se entre 12ºC a 16ºC graus.

      • Em tempos mais frios, temperaturas entre 0ºC e 10ºC, com picos negativos batendo -8ºC (Tivemos uma quantidade de neve que foi registrada pela última vez aqui segundo reportagens, em 1982, o inverno foi bem rigoroso, nevou bastante e de certa forma foi até divertido, curtir o primeiro inverno com neve de nossas vidas).

  • Trânsito e Habilitação

    • Na Irlanda, assim como em diversos outros países (UK, Singapura, Austrália, etc) mundo afora, dirige-se do lado esquerdo, e obviamente os carros tem seus comandos do lado direito (haja exercício para o cérebro), até a data da publicação desse post, tive uma única experiência com direção aqui, com um carro alugado, é complicado até acostumar o cérebro que você agora está dirigindo na “contramão”.

    • Minha habilitação é aceita aqui até um ano (já era), então tenho que fazer tudo novamente para conseguir uma licença para dirigir aqui (estou no caminho para isso).

 

  • O Brasil está muito longe (distância)

    • Saudade  – Aos lusófonos essa famosa palavra dispensa apresentações. Os britânicos descreveram como “um desejo melancólico ou nostalgia de uma pessoa, lugar ou coisa que está longe, espacialmente ou no tempo – uma nostalgia vaga e sonhadora de fenômenos que podem nem mesmo existir”    fonte:http://www.conexaolusofona.org/conheca-as-tres-palavras-que-so-existem-no-idioma-portugues/

    • Pais, parentes, amigos antigos, todas essas pessoas fazem muita falta e esse é o ponto mais difícil em todos os aspectos, pois é preciso abrir mão de aniversários, casamentos, festas e infelizmente até em momentos mais difíceis, será próximo ao impossível fazer uma viagem urgente para estar presente. Esse ponto é bastante complicado e é necessário colocar na balança e ver se realmente vale a pena aventurar-se em estar mais ausente que presente na vida daqueles que o circundavam até então. Apesar dos pesares e das dificuldades supracitadas, posso afirmar que tem valido e muito a pena estar aqui, por todos os benefícios dos quais já falei.

O Trabalho após um ano:

Foi esse o principal motivo de estarmos todos aqui, contei detalhadamente o processo aqui: Êxodo profissional do Brasil. Não quero aqui agir com ingratidão ou dar motivos para o famoso “está cuspindo no prato que comeu“, o dia a dia da empresa que trabalho (e da grande maioria) é muito diferente do que eu já tinha vivido em todos meus anos de trabalho em todas as empresas que passei (eu não disse que é melhor nem pior, apenas diferente).

  • Os principais pontos dos quais eu gosto bastante são:

    • Ausência de CLT: Claro que existem regras, e padrões mínimos a serem cumpridos, mas as empresas não ficam amarradas a pseudo benefícios que possam atrapalhar a negociação entre as partes interessadas (empregador e empregado), e com isso, como não tenho padrão de obrigações de benefícios e “direitos” a serem pagos pelo empregador, incrivelmente tenho MUITO mais benefícios que em empregos anteriores.

    • Flexibilidade e autonomia: Um outro ponto bem interessante que tenho notado em diversas empresas quando converso com amigos é que não existe muito um microgerenciamento de horários, minutos e etc, há em regras gerais, uma grande flexibilidade por entrega de resultados e menos foco em pequenos detalhes que podem ser menos importantes.

    • Ambiente de trabalho: O ambiente de trabalho onde estou (e mais uma vez, em geral com outros amigos), é bem descontraído e quase nada estressante. De tempos em tempos temos confraternizações muitas vezes onde os próprios colegas se reúnem para “tomar uma após o trabalho”, e outras diversas vezes, esse convite é feito pelas empresas, que levam seus colaboradores a restaurantes, pubs e outros locais para simplesmente terem momentos de descontração e conversas offwork.

Conclusão:

Ainda é cedo, cedo para decidir sobre um futuro de longo prazo, cedo para saber se ficaremos ou se voltaremos, cedo para tirar qualquer conclusão, apenas o tempo certo para fazer pequenas avaliações mid-therm. Estamos em lua de mel com nossa nova pátria (não, não deixamos de ser brasileiros ou de amar nosso país, apenas temos um novo lar, que estamos curtindo bastante), e qualquer resposta a perguntas do tipo “Vocês pensam em voltar para o Brasil?”, seria precipitada, os planos de ideias nesse momento são de passar alguns anos aqui, e tentar ir ao Brasil uma vez ao ano para matar a saudade dos amigos e familiares, quem sabe em alguns anos escrevo um novo post sobre 5 anos vivendo como DBA Expat.

Obrigado pela leitura, fique à vontade para deixar seu comentário sobre o que você leu.

Grande abraço,

Edvaldo Castro

 

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19 thoughts on “Primeiro ano como DBA Expat na Irlanda

  1. Você é muito batalhador, parabéns!!
    Faça as atualizações de como estão hoje.

  2. Obrigado por compartilhar sua experiência Edvaldo! Muito legal. Parabéns pela sua competência, coragem e disposição. Merecido o seu sucesso e pode crer que inspira muita gente. Eu morei em Londres em 2004 como estudante e planejo voltar (Londres ou Dublin) em 2019-20 como profissional. Valeu as dicas e vamos manter contato. Abraço!

    1. Olá,
      Muito obrigado pelas palavras, fico feliz em ler bons feedbacks como o seu. Muito sucesso para você també.
      Abraço…

  3. Fala Edvaldo,

    Sou dba tambem e estou em dublin desde marco, trabalhando como dba tambem.

    Vamos combinar um cafe ou um pint.

    Tarik

    1. Opa, bacana… meio raro encontrar DBAs por aqui hehehehe.

      Depois me manda seu contato, a gente combina…

      Vamos marcar sim

      Abraço…

  4. Oi Edvaldo pesquisando sobre a Irlanda e Dba encontrei seu post. Parabéns pela mudança. Poderia me dar um norte… estou indo para Irlanda e sou Dba aqui no Brasil será que é possível uma vaga de Dba mesmo não tendo passaporte europeu?

    Obrigada.

    1. Oi Monica,
      Olha impossivel nao e, tanto que estou aqui… Mas nao posso te iludir, dizendo que e facil, pois sem o tal do passaporte europeu fica um pouco mais dificil… Minha esposa tambem e DBA ha anos, e tem encontrado bastante Resistencia das empresas quando fala que nao tem passaporte europeu, mas como eu digo sempre pra ela, tem que persistir e continuar aplicando, uma hora a vaga aparece.
      Obrigado pela leitura e comentario, seja bem vinda e muito sucesso.

      ps: sorry pela falta de acentuacao.

  5. Edvaldo alem dos posts técnicos este seu post sobre sua vida e experiencia fora do Brasil é fantástica e me anima a quem sabe um dia tentar uma oportunidade fora do pais….Parabens…

    1. Legal Joni,
      Como eu disse, existem as barreiras e dificuldades, mas nada a ponto de atrapalhar a experiencia de vida inigualavel que se tem quando se está vivendo “fora da casinha”.

      Abraços e sucesso

  6. Parabéns pelo post Edvaldo,

    Essa experiência transcrita é muito motivadora e impar quando vem de alguém que mora fora!
    Eu acompanho a série Vikings e lembro de te na Irlanda, claro que eram outros tempos hehehe, deve ter excelentes museus que contam essa história.

    Abraços e sucesso sempre!
    Marcel

    1. Muito obrigado Marcel,
      Valeu também pela dica, vou iniciar já minha maratona com a série Vikings…

      Abraços, sucesso

  7. Excelente post meu amigo,

    Outra coisa que achei interessante é s quantidade de pessoas do mundo todo que temos contato

    Isso aumenta muito nosso conhecimento e forma de ver as coisas

    Também estou morando fora há 1 ano(completa mês que vem) e tenho gostado muito da experiência

    1. Valeu Demétrio,

      Estamos gostando bastante da experiência, e é realmente muito bom poder dar essa oportunidade para nossa família.

      Abraço,

  8. Bora combinar para me mostrares a Irlanda !!
    Em relação à CLT, acaba sendo um mal necessário em um país que o “certo” é sempre ser “esperto”. Quem sabe essa cultura não muda daqui uns 100 anos ?!

    1. A Irlanda te espera de braços abertos e minha casa estará de portas abertas sempre… 🙂
      Como eu disse em algum ponto do post, tem sido benéfico pra mim viver sem as regras engessadas da CLT, mas concordo que não se poderia mudar algo simplesmente eliminando-a.

      Abraço.

      =)

      Edvaldo

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